PAVRAS DE SALVAÇÃO


"Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido." (João 10 : 14)

domingo, 5 de setembro de 2010

HISTÓRIA DA IGREJA

Há muitas maneiras de fazer história. A história do cristianismo e da Igreja têm cunho especial, marcado pela constante exigência de ser fiel ao plano de Deus. Neste polígono damos uma idéia da história feita ao longo dos séculos pelos cristãos.
O judaísmo e o cristianismo são, por excelência, religiões de memória, baseados na recordação dos fatos históricos que são rememorados ao longo dos tempos. A consciência da história do povo fundamenta na convicção que o próprio Javé, presença libertadora, salvou de Israel da dominação e da exploração egípcia.
A idéia de libertação percorre todo o Antigo Testamento. O Êxodo possibilitou a formação da memória coletiva do povo de Israel, sem igual nos outros povos da antiguidade. Para os israelitas, a história não era cíclica, baseada no eterno retorno das coisas e dos tempos. Tinha uma finalidade e era, por conseguinte, irreversível.
Os israelitas viam a História como dirigida para um fim. Essa concepção contrastava como o pensamento grego, baseado no eterno retorno de situações iguais. Para os gregos nada realmente novo acontecia sob o sol. Heródoto e Tucídides se interessavam pela História, para dela tirar lições políticas. Podemos qualificar a historiografia grega de pragmática. Ela não tocava o âmago da existência humana, não tinha uma dimensão religiosa.
O Cristianismo herdou do judaísmo seu caráter memorial. Centrou sua memória na encarnação, vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, o libertador não só da escravidão do Egito, mas de todas as formas de dominação. Os judeus continuam esperando o messias, enquanto os cristãos realizam o tempo, o Reino de Deus, em três momentos: A criação, o evento Jesus, e a parusia.
Os cristãos bem sabem que sua religião fica em pé ou cai, segundo a veracidade ou não de sua memória. Esse cuidado cristão pela memória provém especificamente das tradições rabínicas veiculadas nas sinagogas. Os rabinos avivavam a memória através de expressões lapidares, parábolas, fatos significativos, exemplos, provérbios, comparações.
Os cristãos que conseguiram de maneira mais convincente realizar a prática de Jesus, no tempo e no lugar onde viviam, sentiram a necessidade de preservar a memória. O santo mais simpático da Idade Média, São Francisco de Assis, mandou escrever no seu testamento: Para que em sinal de memória de minha bênção e de meu testamento eles (os irmãos ) sempre se amem uns aos outros.
Com tudo isso, temos que ficar atentos ao caráter peculiar da memória cristã. Ela foi e continua sendo frequentemente uma memória de vencidos e humilhados, marginalizados e desprezados, e não se articula com a tradição hagemônica da historiografia das grandes culturas, através de discursos, monumentos, arquivos, documentos, iconografia e arquitetura.
Ela transmite de geração em geração como uma tradição oral, uma resistência cultural. A memória cristã sobrevive, antes de mais nada, na comunidade. Nessa tradição se inserem as atuais práticas das comunidade eclesiais de base, espalhadas pela América Latina.
Na missão de reavivar a memória junto ás comunidades, a História da Igreja tem o seu papel a cumprir, pois a memória cristã não é, de modo algum uma memória apenas individual ( minha fé, minha salvação ), mas uma memória coletiva, a memória de um povo.
O povo cristão que faz a experiência comunitária pergunta-se, no inicio, os cristãos também se reuniam para resolver seus problemas, se eles também eram animados pela mesma esperança. Aparece, aqui, um apelo das comunidades. Diante deste apelo se situa a missão do historiador. “ A tarefa do historiador é de transformar a memória em ciência”. O povo tem direito á história no sentido pleno, não apenas a episódios esporádicos e parciais. Ela aprende a descobrir as causas e os motivos dos acontecimentos.
O povo vai aprendendo a ler a realidade e a escrevê-la. Vai escrevendo sua própria história, a história da libertação. Se não há acontecimento da realidade, não há transformação dessa realidade; trata-se de conhecer para transformar.
( Seminarista Danilo Munduruca- 1º Perído de Teologia )

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